Homem-Aranha 3 [conferido!]

Grande filme...

...mas inferior aos anteriores!

Calma. Não pense que o diretor Sam Raimi errou na terceira aventura do aracnídeo preferido da vizinhança só porque leu as duas linhas do título acima.

Todos os elementos que fizeram dos filmes anteriores um sucesso mundial estão lá - Humor, ação vertiginosa, a mais nova provação para Peter, vilões bem desenvolvidos, efeitos especiais de tirar o fôlego, homenagens ao cinema e romance. Só que desta vez não causam aquele frio na espinha que segue arrepiando toda a pele ao final da projeção.

Não me entenda mal. Homem-Aranha 3 é um filmaço. Roteiro bem resolvido, auto-ironia e atores muito bem estabelecidos em suas personagens. Mas, se posto em comparação aos dois filmes anteriores, sai perdendo.

A aventura de 2002 apresentou o herói ao mundo, com uma jovialidade sem igual para o gênero, estabeleceu seus dramas pessoais e fez o mocinho acabar a aventura sem a mocinha - algo impensável num filme pipoca. Então, Homem-Aranha se notabilizou como o pipocão com conteúdo, o que todo diretor quer fazer hoje, diga-se de passagem.

Em Homem-Aranha 2, Raimi teve mais liberdade (e dinheiro), elevou ao quadrado o grau de drama-humor-ação e fez uma obra-prima - talvez o melhor filme baseado num super-herói em todos os tempos.

O quer fazer então para se superar se o filme perfeito já foi feito? Elevar ao cubo a equação drama-humor-ação. Simples, não? Infelizmente, a resposta foi não. Aos 30 minutos de projeção, fica claro que Homem-Aranha 3 sofre de um pequeno/grande problema chamado PRESSA.

Apesar do roteiro bem armado, compilar uma nova crise no romance, uma nova descoberta sobre a morte do tio Ben, um uniforme novo que o deixa mais forte, um novo Duende Verde, um home fundido a areia, um concorrente na vida profissional, uma parasita alienígena, um novo interesse romântico e, por fim, o vilão mais esperado pela molecada que conheceu o personagem nos anos 90, em apenas duas horas e vinte minutos parece algo impossível.

Raimi conseguiu a proeza de meter tudo isso aí acima na duração citada, mas deixou o filme raso. É praticamente impossível não lamentar a pouca duração na tela de alguns personagens essenciais para a trama, principalemte Venom, que tem passagem quase meteórica - mas muito marcante.

Sobre os atores, estão todos perfeitos, todos. Sobre os novos, Thomas Haden Church construiu um Homem-Areia que fala com os olhos; Topher Grace está perfeito como a versão sacana de Peter e trouxe uma profundidade ao personagem ausente nas HQs; Bryce Dallas Howard é a coisa-mais-linda-do-mundo quando entra em cena. Quem conhece Gwen Stacy dos quadrinhos (ou lembra dela) vai ficar realmente surpreso.

O elenco de base continua perfeito como sempre, desde o primeiro filme. A diferença mesmo é a visível evolução dos personagens. Ah, o querido Bruce Campbel volta mais uma vez para uma participação especial tão hilária que faz chorar de tanto rir. Mas a piada só faz sentido se o ator for reconhecido.

Em relação a ação, prefiro comentar só uma coisa: deixa todos os outros para trás. Da cena em que Peter salva Gwen Stacy numa queda livre (homenagem aos quadrinhos) à gigantesca sequência final, nas instalações de um prédio em construção, tudo é grande, imenso e muito, mas muito bem feito e de tirar o fôlego.

Em suas usuais homenagens ao cinema, Raimi resolveu brincar com os musicais hollywoodianos. Desde o começo do filme, com Mary Jane se apresentando na Broadway, até uma passagem em que Peter dança nas ruas de Nova York como John Travolta o fez em Os Embalos de Sábado À Noite, Raimi satiriza a própria cria e eleva o filme a um patamar que talvez agrade poucos.

Por fim, Homem-Aranha 3, que leva três belas estrelas na avaliação deste que vos escreve, fecha o ciclo iniciado em 2002, é mais sombrio e tem um final armagurado - "O fina foi feliz ou não?", muita gente vai se perguntar. Mas merece cada centavo gasto para ser visto e não vai decepcionar os menos atenciosos ou fãs de quadrinhos menos exigentes.

E que venha o quarto filme. "O quê?! Vai haver um quarto?", pergunta o leitor mais ávido. Corra para o cinema e depois a gente discute isso.