
O Hospedeiro
Terror(?) coreano de primeira!
Estou devendo um texto sobre The Host - O Hospedeiro, longa coreano que mistura horror, drama e comédia com pitadas sócio-políticas, há pelo menos três meses.
Eis que surge a oportunidade certa para falar do segundo filme do diretor Bong Joon-ho, que recebeu aplausos no Festival de Cannes no ano passado e acabou de estrear nos cinemas brasileiros - com um ano de atraso, diga-se de passagem.
Por que a interrogação no título deste texto? Explico: Joon-ho fez um filme que homenageia os clássicos japoneses de monstros gigantes, ao mesmo tempo em que dá uma cutucada nas relações militares de seu país com os EUA e pôs uma família desequilibrada como protagonista da trama, o que leva a narrativa a momentos extremamente pastelões.
Mas não se preocupe. Depois da primeira meia-hora, garanto que você já vai estar acostumado ao ritmo do coreano.
A história é simples e parte de um incidente real. Militares americanos numa base da Coréia do Sul despejam doses maciças de uma substância no rio Han, cartão postal de Seul. Anos depois, um criatura mutante emerge das águas e passa a capturar pessoas para se alimentar.
Uma dessas pessoas é a jovem estudante Hyun-Seo, filha de um preguiçoso derrotado pela vida que ainda vive com o pai. O incidente acaba unindo a desorganizada família da jovem, que segue em busca do mostrengo, na esperança de encontrá-la e indo contra as autoridades locais.
Os efeitos especiais são de cair o queixo. Acredite, em menos de dez minutos de filme o expectador está com a boca aberta, bem aberta. A seqüência em que o monstro (uma espécie de bagre mutante) corre em meio à multidão é espetacular.
Mas não espere finais felizes. Assim como o filme causa desconforto quando apela para o cômico na cena do velório, a angústia de Hyun-Seo tentando fugir das garras (rabo, mais precisamente) do mutante é sufocante. Para aumentar a tensão, há ainda um garoto capturado e jogado na toca do monstro, o qual a jovem passa a cuidar.
O Hospedeiro (finalmente, uma tradução decente) traz ecos de filmes como Alien - O Oitavo Passageiro e Godzilla. O diretor disse que é fã de Tubarão e O Enigma do Outro Mundo, clássico de John Carpenter. Parece que aprendeu bem a lição.
O filme cumpre o que promete e nos leva a olhar com mais atenção para o cinema asiático. O filme tomou Cannes, invadiu os cinemas americanos e a Paramount Pictures já comprou os direitos para uma refilmagem com atores hollywoodianos.
Por enquanto, fique com o original. Um bom exemplo de que cinema de qualidade pode ser feito em qualquer lugar do mundo e, principalmente, fora do esquemão dos grandes estúdios.
Ah, e se quiser saber o que o bicho hospeda, corra pro cinema. Não perca.
Comentários