
Iñárritu dirige Brad Pitt no Marrocos
CONFERIDO: Babel
Iñárritu eleva seu cinema e faz filme tocante
O mexicano Alejandro Gonzales Iñárritu é um grande diretor. Poucos são os que, como ele, conseguem manter uma coesão em seus primeiros trabalhos e ainda primar pela qualidade - vide M. Knight Shyamalan quer derrapou logo no terceiro filme, o mediano Sinais.
Em Amores Brutos, o diretor conseguiu chamar a atençao do público de festivais e de executivos antenados dos grandes estúdios. Em 21 Gramas, conseguiu seu primeiro trabalho com atores hollywoodianos de peso.
Agora, com Babel, Iñárritu elevou seu texto ácido e sua narrativa entrecortada a um patamar de blockbuster americano (no bom sentido) e conseguiu realizar um filme sobre diferenças culturais, rodado em quatro cantos do mundo e falado em cinco línguas, se contarmos a linguagem dos surdo-mudos.
Mais uma vez em parceria com o roteirista Guillermo Arriaga, Iñarritu conta a história de um casal americano de férias no Marrocos, tentando superar uma tragédia; a via crúcis de uma empregada doméstica mexicana nos EUA tentando ir ao casamento do filho; a surpresa de dois garotos árabes às voltas com um rifle recém adquirido pelo pai; e o drama de uma garota japonesa surda-muda que tenta levar uma vida comum.
Iñárritu é preciso e talentoso em sua narrativa e tudo fica bem compreendido, apesar de as histórias não ocorrerem necessariamente no mesmo tempo/período. A delicadeza com que toca alguns assuntos é impressionante - especialmente no núcleo japonês, de uma sutileza sem igual.
O mito da Torre de Babel é tocado metaforicamente, já que a grande fronteira que o diretor quer mostrar não está nas divisas dos países, nos idiomas ou nos costumes, mas na incapacidade de ouvir o próximo, esteja ele no meio da África ou ao seu lado.
Um filme tocante, sem soluções fáceis e/ou apelos xaropentos. Levou o Golden Globe de Melhor Filme na última segunda-feira, superando Clint Eastwood e Martin Scorcese, e em fevereiro deve traçar o Oscar também, mostrando que Hollywood quer muito bem ao quase novato diretor.
No elenco, Brad Pitt, Cate Blanchet (Galadriel de O Senhor dos Anéis) e Gael Garcia Bernal (Diários de Motocicleta) liquidam os famosos. O restante é quase desconhecido, mas é tão ou mais talentoso e eleva o filme a um patamar quase único.
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