
Tudo Acontece em
Elizabethtown
Cameron Crowe é um diretor americano não muito bem reconhecido - pelo menos fora dos EUA. Dono de um cinema autoral, escreve todos os seus filmes e consegue reunir um bom elenco em tramas interessantes e cheias de boa música e as realiza com orçamento quase que infantil, perto dos blockbusters americanos.
Em sua filmografia, desponta um único projeto de estúdio, de seu amigo Tom Cruise (que dirigiu em Jerry Maguire - A Grande Virada): Vanilla Sky, uma refilmagem do espanhol Abra Os Olhos.
Em Quase Famosos, Crowe chegou ao ápice de sua fórmula autoral. Retratou parte de sua infância/adolescência e seu início como crítico musical da revista Rolling Stone, ajudando a criar um novo parâmetro para a relação músico/jornalista. Uma delícia. Além de ser perfeito, o filme catapultou Kate Hudson para o mundo.
Em Elizabethtown (ou Tudo Acontece Em... por aqui), Crowe volta seu olhar para mais uma experiência particular. Desta vez, a perda de seu pai e sua viagem espiritual pelo coração da América.
Resultou num filme pequeno, perto de Quase Famosos, mas nunca menor. O roteiro, a princípio, lembra Jerry Maguire: Orlando Bloom (o eterno legolas de Senhor dos Anéis) é Drew Baylor, um projetista de tênis que logo em seu primeiro grande projeto dá um prejuízo de quase US$ 1 bilhão à empresa para qual trabalha.
Sentido-se um derrotado, Drew ainda tem que lidar com a morte repentina do pai que não vê há um bom tempo e rever um passado que ignora há muito. No caminho, é atropelado pela simpatia/xeretice da aeromoça Claire - uma Kirsten Dunst inspiradíssima, que chega muitas vezes a roubar a cena do protagonista.
Como em todos os filmes de Cameron Crowe, a trilha sonora é uma pérola à parte. Clássicos do rock e do cancioneiro popular americano desfilam durante toda a projeção, tornando o filme melhor do que realmente é.
Se por algum momento, a história de Drew e Claire parece descambar para a falta de sal, a trilha ajuda a preencher as lacunas e no final a sensação é de que Crowe conseguiu fazer a audiência refletir sobre as derrotas que a vida, invariavelmente, nos traz.
Comentários