Preciosa
Azarão do Oscar é filme belo e sensível

Produzido pela apresentadora de TV Oprah Winfrey e azarão do Oscar 2010, Preciosa é um filme sensível com atuações soberbas de um elenco singular e inusitado.

Baseado no livro Push da artista/escritora americana Sapphire (já devidamente lançado por aqui com o título do filme), Preciosa marca também a consagração do produtor e diretor Lee Daniels, que estreou em 2005 com o obscuro, mas interessante, Shadowboxer.

Apesar da pouca experiência na direção, Daniels tem no currículo como produtor o premiado a Última Ceia, filme de 2001 com Billy Bob Thornton, Heath Ledger e o rapper Puffy Daddy (assinando como Sean Combs), que deu o Oscar de Melhor Atriz para Halle Berry.

O roteiro é um apanhado de situações chocantes apresentadas despudoradamente, mas sem maneirismos. Apesar do forte apelo emotivo, o filme evita a manipulação do choro da plateia - o que, talvez, seja o seu ponto mais forte.

Claireece Precious Jones é uma garota de 16 anos que vive no Harlem de 1987. Ela é analfabeta, está grávida pela segunda vez de seu pai e sofre abusos físicos e sexuais diários por parte de sua mãe. Ela é negra e obesa.

Realidade dura e elenco afiado O filme nos conduz sem pena pelo dia-a-dia dessa jovem sem perspectivas, que sonha estrelar cenas de cinema para fugir de sua realidade, mas que se vê subitamente forçada a encarar sua condição quando é expulsa da escola e conduzida para um curso para jovens problemáticos.

No elenco, a estreante Gabourey Sidibe e a apresentadora e comediante Mo'Nique estão simplesmente espetaculares nos papéis principais - só para registrar, não dar os prêmios de Melhor Atriz e Atriz Coadjuvante para as duas será a maior injustiça do Oscar este ano.

Também causam surpresa no elenco um Lenny Kravitz desprovido de luxo, no papel de um enfermeiro simpático, e uma Mariah Carey sutil, como uma assistente social - para quem a viu no risível Glitter, a surpresa será bem maior.

A verdadeira força por trás de Preciosa é seu texto original.
Apesar de o livro ser uma obra de ficção, os dramas vividos pela personagem principal são muito reais.

Poetisa, ativista e artista performática, Sapphire escreveu Push baseada nas histórias de muitas jovens que viu e acompanhou durante o período em que trabalhou como assistente social.

Mais um bom motivo para ver o filme, que merece ser descoberto.

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