Good Evening New York City - Paul McCartney
Uma noite para relembrar e relembrar

Único beatle em atividade, Paul McCartney aproveitou o relançamento do catálogo completo da banda britânica no ano passado para reunir um grupo fantástico e pôr o pé na estrada.

Aliando clássicos dos Beatles com sucessos de sua carreira solo e algumas canções de seus últimos trabalhos (entre eles, o aclamado projeto The Fireman, de 2008), McCartney conseguiu produzir um show que é um espetáculo sem igual.

O ponto alto de sua turnê foram as três noites no novíssimo estádio Citi Field, em Nova York. Há 44 anos, o lugar era o famoso Shea Stadium, onde os Beatles se apresentaram e fizeram o público pegar fogo.

A expectativa, então, era muito grande - tanto por parte do público quanto do artista.

O resultado pode ser conferido em Good Evening New York City, um pack vendido por aqui na versão com um DVD e CD duplo - há uma versão com dois DVDs e dois CDs lá fora. Trazendo o show de abertura, o box já agrada pela embalagem bem bolada, com direito a encarte e formato de livro - um mimo para os fãs.

O repertório sem igual traz um bocado de Beatles, como não poderia deixar de ser, mas é a fatia solo de McCartney e sua capacidade de integrar suas canções com os clássicos do grupo de Liverpool o que mais impressiona.

O show abre com Drive My Car, de Rubber Soul, mas em seguida temos em sequência Jet, Only Mamma Knows e Flaming Pie, todas de Macca. E a apresentação prossegue assim - clássicos dos Beatles alternados com canções da carreira solo.

Há vários momentos realmente mágicos. Quando, por exemplo, MaCartney senta ao piano para homenagear a ex-mulher, Linda, com a deslumbrada My Love, sucesso de 1973 de sua outra banda, The Wings.

Na delicada e pouco conhecida Here Today, escrita para o amigo e ex-parceiro John Lennon em 1982, McCartney, ao violão, chega a engasgar de emoção ao cantar "E se eu dissesse que conheci você muito bem/Qual seria a sua resposta/Se você estivesse aqui hoje?" - arrepiante.

O amigo George Harrison é lembrado em Blackbird e depois em Something, numa versão deliciosamente barroca.

E tem ainda Back In The USSR, I'm Down, fundida com imagens do quarteto de Liverpool se apresentando no Shea Stadium, a maravilhosa A Day In The Life, a matadora Live And Let Die e mais.

Na versão de áudio, o show não tem intervalos entre as faixas, o que por um lado é positivo, pois não se perde tempo com firulas, mas que acaba deixando a desejar quando se assiste ao DVD - os comentários, as brincadeiras e as explicações de como compôs algumas canções são maravilhosos e cheioss de magia.

No registro em vídeo, dirigido pelo próprio Macca, há ainda algumas inserções de imagens feitas por fãs com câmeras, o que deixa o filme ainda mais delicioso.