Assim como em 300, Zack Snyder dirigiu o primeiro grande blockbuster de um ano promissor. Mas isso não significa necessariamente que Watchmen seja um filme excelente.

Cheio de pequenos defeitos e com uma missão impossível de adaptar uma obra quadrinho-literária (termo bonito) de mais de 400 páginas, recheada de referências que vão da música à literatura e ao próprio cinema, Watchmen acaba sendo uma overdose do universo dos quadrinhos na tela grande, apesar de honesto e bem intencionado.

O escritor Alan Moore não tem do que reclamar desta vez. Praticamente tudo o que os 12 capítulos da HQ apresenta está aqui, com a diferença de que dificilmente você conseguiria lê-la em duas horas e 40 minutos.

Alguns dos personagens principais foram levemente modificados para não chocar tanto o público e até conquistar as mulheres. Coruja e Espectral, especificamente, foram os mais afetados. A história de amor dos dois, amarga e depressiva na HQ, ficou mais leve e com um ar de romance moderno.

Mas Rorschach, o Comediante e Dr. Manhattan são exatamente idênticos aos quadrinhos, com suas personalidades e atitudes dúbias.

E a história do final modificado não vai incomodar nem os autores. Sinceramente, ficou com muito mais sentido que o original - e olhe que quem diz isso é um cara que tem três versões da obra.

Filme-pipoca?
Numa visão geral, gostei muito da adaptação de Snyder e vou vê-la no cinema pelo menos mais uma vez, apesar de ter ficado decepcionado com alguns aspectos técnicos do filme, como o Dr. Manhattan com o físico de Schwarzenegger e um pênis de dar inveja ao falecido ator pornô Long Dong.

Mais acho também que certos detalhes só incomodarão os iniciados na obra de Moore e do ilustrador Dave Gibbons. E que aqueles que não conhecem podem sair dos cinemas impressionados - ou não, já que o filme difere muito de um Homem-Aranha e de um Batman - O Cavaleiro das Trevas.

E acho que o mérito de Snyder reside exatamente nesse ponto. Watchmen não é um filme-pipoca, nem a pau. Assim como a obra original estava a anos-luz de uma HQ do Superman.

Pra terminar, a experiência que o filme de Zack Snyder proporciona ainda está longe de acabar. Ainda tem a animação Contos do Cargueiro Negro, que sai direto em vídeo e traz um documentário que adapta o livro-dentro-da-HQ Sob O Capuz, que conta detalhes sórdidos da primeira versão da equipe, que se chamava Minutemen.

E o DVD deve trazer uma versão do longa com mais de três horas de duração, o que deixará muita gente com os cabelos em pé. Vamos só rezar para que a Warner Bros. Brasil coloque todo esse o material por aqui, com dignidade.

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