No Line On The Horizon é um disco fantástico. Um álbum feito por uma banda nitidamente inspirada, que parece um retrato do mundo atual, visto pelos olhos de um observador em um planeta praticamente sem fronteiras.

Destaca-se a importância que os quatro irlandeses deram aos produtores Brian Eno e Daniel Lanois, que compuseram sete das 11 canções, juntamente com a banda, e a coesão do álbum, com um tema bem costurado e explorado - a impressão de mudança e de libelo contra a guerra pode ser sentida do início ao fim.

Confira abaixo as impressões do eudiário, faixa a faixa.

Na faixa que batiza o álbum, uma parede de guitarras e uma batida quase mantra dão o tom para Bono cantar sobre uma mulher indomável que o ensina sobre os limites do ser humano.

Em Magnificent, que tem tudo pra ser o segundo single (a famosa música de trabalho), uma batida eletrônica que remete aos tempos de Discothéque entrega uma das canções mais surpreendestes do ábum. O que me veio à cabeça no instante em que ouvi foi 1979, dos Smashing Pumpkins - um rock semi-eletrônico com cara de pista.

A longa Moment of Surrender, com seus mais de sete minutos, traz um canto apaixonado e furioso sobre o instante de consciência de um indivíduo, que pode ser entendido como um adeus de um suicida, alguém atingindo um estágio espiritual ou um prisioneiro prestes a ser executado.

Unknown Caller talvez seja a canção com a letra mais estranha do disco, que remete a deslocamento, morte, transformação e recomeço. Mas sua mistura de balada/mantra/canto celta, órgão e a guitarra de Edge arrebatam de cara.

Desde Zooropa que os irlandeses têm sua canção com título esdrúxulo nos discos. Desta vez é I'll Go Crazy If I Don't Get Crazy Tonight (Vou Enlouquecer Se Eu Não Enlouquecer Esta Noite). De clima bem pra cima, soa boba à primeira audição. Mas depois de ouvir que "Cada geração tem sua chance de mudar o mundo/Pois a melodia mais doce é a que ainda será ouvida/Oh, uma mudança de verdade demora a acontecer" você muda de idéia.

Get On Your Boots é o que todo mundo já ouviu: um hino contra as guerras disfarçado de brincadeira. Nitidamente associada à guerra contra o Iraque e ao recente bombardeio da Palestina pelo Irã, a canção é a Vertigo do disco.

Em Stand Up Comedy, Bono diz que o mundo é uma comédia e convoca as pessoas a se levantar e lutar contra as injustiças. Começa pra cima e termina mais sombria, com Edge dando o tom. Excelente.

Fez - Being Born é a tão esperada faixa gravada no Marrocos e surpreende por não trazer elementos óbvios da influência oriental, além da batida compassada. Como um turista passando por Fez, Bono fala das impressões da cidade e se enxerga nascendo de novo.

Em White As Snow o ritmo diminui para a banda falar de um foragido lembrando de sua terra natal. Belíssima e de uma letra singular, que lembra um poema com vertente romântica.

Breathe traz o mais próximo que Bono chegou de um cantor de rap. Com texto rápido, se refere a acontecimentos recentes no mundo e traz versos bonitos como "Encontrei a graça dentro de um som/Encontrei a graça, foi tudo que achei/E posso respirar agora".

Cedars of Lebanon fecha o álbum com seu já comentado texto escrito por um correspondente de guerra imaginário. Para os brasileiros, deve lembrar o que Renato Russo fazia com algumas de suas canções, contando histórias. Mais uma vez a veia poética de Bono está a mil e a canção traz um clima sombrio e um canto que mais parece um discurso.

Comentários

Anônimo disse…
Porr@, achei o disco muito, mas muito, muito, muito bom! fiquei besta quando ouvi. Os caras ainda tem muito pra tocar, gente!
Anônimo disse…
Não achei o disco mais ousado dos caras. Zooropa e Pop foram muito mais loucos. Mas é um disco bom pra cacete. nesse sentido me impressionou bastante. todas as m´sicas são poderosas.

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