
conferido!
O Incrível Hulk
Filme acerta na pancadaria, mas é só três estrelas
O Incrível Hulk não é uma história de origem. Então, fica subentendido que o filme de 2004 é o início de tudo, não? Nem sim, nem não. Produtores, diretor e atores preferem dizer que é outra história, que a trama se aproxima da série de TV etc. Mas tirando a abertura, quase tudo se encaixa como numa seqüência.
O filme começa certinho de onde o primeiro parou, com Bruce Banner agora escondido na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro (na verdade, a favela de Tavares Bastos). De maneira acidental, o cientista fugitivo contamina uma garrafa de refrigerante na fábrica onde trabalha e o exército americano acaba por localizá-lo (numa participação hilária de Stan Lee).
Tem início uma bela seqüência de perseguição, no melhor estilo "Ultimato Bourne", que enche os olhos do espectador brasileiro ao mostrar a beleza da favela, com direito a propaganda gratuita dos colchões Ortobom.
Os personagens principais da trama são apresentados (o sogro general Ross e o soldado problema Emil Blonski), Banner se transforma em Hulk já aos 15 minutos de projeção e a trama segue de volta aos EUA.
Alguns furos no roteiro depois, Banner se encontra na cola de Betty Ross (Liv Tyler), a mulher de sua vida, que seguiu sua estrada e está envolvida com um psiquiatra chamado Leonard Samson (que nos quadrinhos se torna o Dr. Sansão).
Mais uma vez, o sogrão aparece e a festa acaba, numa das melhores e mais violentas seqüências do filme, quando o Hulk mata alguns soldados e mostra sua verdadeira face de monstro.
Referências
O Incrível Hulk é o segundo filme da Marvel como estúdio - o primeiro foi Homem de Ferro. Isso significa que as referências ao universo da Casa das Idéias (leia Marvel) brotarão aos montes. Realmente, isso acontece cena a cena e é uma das coisas mais deliciosas de se ver (principalmente para os leitores de HQs).
Muitas pontes para futuras adaptações, tanto do Hulk como para outros personagens, aparecem no filme e o ator Robert Downey Jr. surge como o milionário Tony Stark numa cena formidável, encadeando as duas produções com o provável filme do Vingadores.
Há ainda citações do Capitão América e do "Projeto Supersoldado" e a apresentação do soro experimental que dá habilidades sobrehumanas a Blonski - na verdade, a substância que deu músculos a Steve Rogers nos quadrinhos.
A série de TV é lembrada à exaustão. Do tema musical, "The Lonely Man Theme", passando pelos jeans usados pelo Hulk (há até uma brincadeira sobre as calças roxas) e o repórter Jack McGee até a maquina de radiação gama que mais parece uma cadeira de dentista. Está tudo lá. Até mesmo o ator Lou Ferrigno, que tem uma ponta no filme, novamente como segurança, faz a voz do verdão - sim, ele fala, pouco, mas fala.
A pancadaria come solta na meia hora final, com Banner se rendendo ao monstrão para salvar Nova York de Blonski, devidamente transformado no Abominável (sem as orelhas de peixe). Os prometidos 27 minutos de luta não existem (são, mais ou menos, uns 10), mas é uma seqüência digna para o personagem.
Ao final, O Incrível Hulk é um filme bom. Não tem o equilíbrio perfeito entre drama e ação de um Homem-Aranha 2, mas está muitos níveis acima de Demolidor, Elektra e Justiceiro.
Um filme inferior artisticamente à adaptação de 2004, mas que cumpre muito bem o que promete - tudo o que você vê no trailer realmente acontece, daquele jeito e com aquele clima. E isso é muito positivo, se lembramos, por exemplo, de Motoqueiro Fantasma.
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