Onde Os Fracos Não Têm Vez
Irmãos Cohen acertam (mais uma vez) com western moderno

Para os iniciados, a simples mençãos do nome dos irmãos Ethan e Joel Cohen é sinônimo de cinema de qualidade.

Não o tipo de cinema que leva milhares às salas de exibição e arrecada milhões ao redor do planeta, mas o tipo que consolida a sétima arte em seu status e abre margens para discussões e interpretações - e, cá para nós, o cinema não sobreviveria sem esse segmento.

Onde Os Fracos Não Têm Vez é a adaptação do livro Onde Os Velhos Não Têm vez, de Cormac McCarthy, escritor norte-americano conhecido por suas tramas diretas e bem embasadas na cultura da terra do tio Sam - e, a despeito da mudança no título (aqui no Brasil, diga-se de passagem), o filme foi considerado muito fiel à obra de McCarthy.

Os Cohen conseguiram mais uma vez produzir uma obra-prima - e olha que eles já têm algumas no currículo. A linha narrativa de Onde Os Fracos... lembra, à primeira vista, o devidamente oscarizado e impressionante Fargo. Mas só à primeira vista.

O que o filme discute é, talvez, muito mais complexo. E, por isso mesmo, o irmãos estão tomando de assalto as principais premiações do cinema americano e se encontram no topo das listas de apostas para sair da 80a. edição do Oscar com a estatueta de melhor filme - só ameaçados pelo drama Desejo e Reparação.

Bem no começo da película, o xerife Tom Bell (Tommy Lee Jones), um cara inteligente, mas cego para o que está á sua frente, conversa com um assistente sobre a mudança dos tempos e de como era boa a época em que um policial não precisava andar armado. Os novos tempos parecem então não dar espaço para homens de outras épocas - daí pode-se resumir o No Country For Old Men do título original.

O filme se passa nos anos 80, quando Lwelyn Moss (Josh Brolyn, foto acima), um ex-combatente do Vietnã, encontra um presépio às avessas no meio oeste texano, próximo à fronteira com o México. Entre camionetes, cadáveres e um carregamento de heroína, ele encontra uma maleta com 2 milhões dólares.

É óbvio que ele toma o dinheiro para si, mas não sem pisar fora. Logo, um assassino fora de controle (Javier Barden, na última foto) estará em seu encalço e o xerife Bell, cansado de guerra, tentará encontrar algum sentido nos corpos que aparecem pelo caminho.

Assim como em Fargo, os Cohen conduzem a narrativa sem pressa, permeando a trama com cenas bastante violentas. A direção de atores é formidável. Todo mundo está muito bem, em especial Barden, com penteado channel e um comportamento contido que beira o doentio.

Mas não espere muito de um filme convencional por aqui. As surpresas aparecem e (tcharam!) surpreendem! Mas nem sempre para o gosto do expectador mais afeito a finais felizes em tramas policiais.

O livro de McCarthy já saiu no Brasil há algum tempo pela editora Objetiva, com o título original, claro - aliás, trocar Velhos por Fracos no filme empobreceu demais a metáfora do título.

Comentários

O que você escreveu casa perfeitamente com o que eu tb escrevi no meu blog...rs. Grande texto. E deixo aqui um grande abraço.

Postagens mais visitadas deste blog