Williams antes de encarar a morte e nos tempos "áureos" da prisão
Stanley "Tookie" Williams (1953-12005)
Os últimos passos de um homem

San Quentin, Califórnia, Estado Unidos da América. Terça-feira, 13 de dezembro de 2005.

Exatamente à 0h35 (horário local), em San Quentin State Prison, foi anunciada a morte por injeção letal de Stanley "Tookie" Williams, membro-fundador dos Crips, gangue de negros que atuou na Los Angeles dos anos 1970. Williams foi preso em 1979 e condenado à pena de morte em 1981 pelo assassinato de quatro pessoas.

Tookie Williams passou 26 anos encarcerado, 24 deles à espera de seu último dia de vida, sem nunca ter assumido a autoria dos crimes. A única prova de que foi ele o autor das quatro mortes foi o depoimento de um detento, que disse ter ouvido a confissão do próprio Williams.

Nesse pouco mais de quarto de século atrás das grades, Williams se dedicou à auto-redenção e se tornou um exemplo mundial de cidadão humanitário. Escreveu livros infantis e ergueu uma bandeira anti-violência, se tornando um símbolo para as comunidades negras de todo o planeta.

Em 2001, Williams foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz.

Mas mesmo uma prova de crime duvidosa e uma vida mais que exemplar, apesar de encarcerada, não foram suficientes para livrá-lo do corredor da morte.

Ontem, segunda-feira, 12 de dezembro, o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, recebeu promotores da acusação e advogados de defesa para discutir o caso e decidir se concederia o perdão a Tookie Williams. Schwarzenegger não só considerou a prova da promotoria válida como ainda culpou o detento ativista de ter escolhido seu trágico destino.

"Sem um pedido de desculpas e uma reparação por esses crimes brutais e sem sentido, não se pode haver redenção. Neste caso, a única coisa que seria uma clara indicação de remorso e completa redenção é a única coisa que Williams não irá fazer", declarou o governador da Califórnia e eterno exterminador em carta.

Dead man walking...
Williams foi encaminhado à câmara de execução à 0h01, onde 39 testemunhas, entre parentes das vítimas, advogados, oficiais da prisão e jornalistas, o esperavam para acomapnhar o terrível evento.

Depois de sofrer por cerca de 12 minutos com uma enfermeira que não conseguia encontrar sua veia para inserir a agulha, Tookie Williams ergueu a cabeça e moveu os lábios num "Eu amo vocês" silencioso, direcionado para aqueles que o apoiavam e que em seguida gritaram "o estado da Califórnia matou um homem inocente".

Em 29 de novembro, Williams concedeu uma entrevista ao New York Times e encerrou dizendo: "Eu passo por isso com dignidade, integridade, amor e em meu coração. Eu sorrio para tudo e estou quase certo de que vou sorrir depois também."

Clique aqui para a matéria da France Press publicada no Último Segundo e aqui para a cobertura do New York Times online.

No ano passado, a vida de Tookie Williamas virou filme. Redenção (Redemption: The Life of Stanley Tookie Williams) está disponível em vídeo no Brasil e é estrelado por Jamie Foxx (oscarizado por Ray), ator que se tornou amigo pessoal e defensor do perdão à pena de morte.

Para saber mais sobre Stanley "Tookie" Williams, visite a página oficial do ativista, mantida por parentes, amigos e fãs.

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