conferido!
A Origem
Em seu filme mais autoral desde Amnésia, diretor constrói castelo de cartas mental e acerta em cheio na fórmula para gerar grandes bilheterias

Acabei de conferir Inception (tristemente intitulado de A Origem por aqui) e estou anestesiado pelas imagens espetaculares que o diretor Christopher Nolan conseguiu produzir para seu mais novo e pessoal projeto - foram dez anos para produzir, entre gestação e filmagem, segundo o próprio.

A trama é até simples.

Mercenário especializado em uma técnica de espionagem chamada "extração" - que, em resumo, o permite entrar na mente de seus alvos e roubar informações diretamente de seus sonhos - é desafiado a fazer exatamente o contrário: plantar uma informação na mente de um alto executivo.

A técnica se chama "inserção" (a tal "inception" do título) e é muito mais arriscada que a anterior, devido às várias nuances da mente humana, o que pode pôr em risco a vida dos envolvidos. Mas como o rapaz carrega um fardo muito grande que pode ser resolvido com este último contrato, é claro que ele pega o serviço.

Se a trama parece até simplória, é na narrativa que Nolan deixa a coisa mais complexa, exibindo sua maestria em construir contextos diferenciados e interligados, acontecendo simultaneamente com os mesmos personagens, como no excelente Amnésia, de 2001.

Como um castelo de cartas - ou uma bola de neve, dependendo da perspectiva.

Cinemão Acima da Média - O elenco está soberbo, começando por Leonardo DiCaprio, que correu um grande risco de reprisar seu papel em A Ilha do Medo, outro filme que trata dos mistérios da mente - mas enquanto o longa de Scorcese mantém o expectador às cegas, o de Nolan explica toda a sua "ciência" ao público.

Igualmente deliciosas são as participações de Joseph Gordon-Levitt (de 500 Dias Com Ela), Tom Hardy (o maluco de Bronson), Ken Watanabe (Batman Begins), Cillian Murphy (Sunshine) e Marion Cotiliard (oscarizada por Piaf), como o peso na consciência do personagem vivido por DiCaprio.

Há ainda uma participação pequena de Michael Caine, que sempre faz muito com pouco.

Só mesmo a eterna adolescente Ellen Page (X-Men III, Juno) parece um pouco fora de lugar, mas nada que atrapalhe o andamento das cenas de tirar fôlego, esplendorosamente rodadas com câmeras iMax.

No fim das contas, A Origem é uma sessão de cinema acima da média, que apresenta uma ideia que, se não é nova, é trabalhada de um jeito que faz o expectador discutir o filme muito além de sua exibição - o que, já por isso mesmo, mais do que vale o preço do ingresso.

É cinemão (cinema+pipocão) de primeira!

Não perca.

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