CHE Sorderbergh faz retrato sem firulas da revolução cubana

Che não é um filme fácil. Esqueça aqueles trejeitos de atores e narrativas romanceadas das cinebiografias hollywoodianas.

Sorderbergh optou por uma câmera expectadora, que se mantém um tanto distante/neutra da ação, para traduzir para a tela grande o Reminiscences of the Cuban Revolutionary War, o livro escrito pelo próprio Guevara contando sua experiência na revolução liderada por Fidel Castro.

E acertou em cheio.

Apesar do andamento lento e da exigência de um certo conhecimento da história cubana por parte do público, Che, O Argentino (a primeira parte de uma biografia de quase cinco horas) enche os olhos pela simplicidade da narrativa e por mostrar um Benicio Del Toro fabuloso, imerso no personagem central e carregando o filme nas costas.

Che começa em preto-e-branco, com seu personagem principal em solo americano, concedendo uma entrevista a uma jornalista, em função de sua visita à terra do Tio Sam para um discurso na ONU, fato ocorrido em 1967.

Logo depois, o filme remete ao famoso encontro com Fidel Castro no México, em 1954 (cortesia do irmão do revolucionário cubano, Raúl), onde teve início sua participação oficial no Movimento Guerrilheiro 26 de Julho, o MR26.

Final antológico Em seguida, vemos com detalhes a luta armada pelo território cubano, do recrutamento de camponeses às execuções de guerrilheiros criminosos, que roubavam, estupravam e matavam usando o nome da revolução.

Guevara é mostrado como um homem que não tinha consciência plena de sua importância nas missões as quais o líder do movimento o submetia, mas que mantinha sua lealdade e integridade acima de qualquer coisa.

O final, quando Guevara ordena que um grupo de soldados devolva um veículo tomado e depois siga a pé para Havana, é antológico.

O filme tem ainda Catalina Sandino Moreno (Maria Cheia de Graça, Nação Fast Food) como um provável interesse amoroso do médico-guerrilheiro, Julia Ormond (Lendas da Paixão, O Curioso Caso de Benjamim Button), como a jornalista americana que entrevista Guevara em sua ida aos EUA, e Rodrigo Santoro encarnando um apagado Raúl Castro.

Que venha a segunda parte, que mostrará sua viagem à África e depois a ida à Bolívia, numa tentativa de reunir guerrilheiros para invadir a Argentina - o que resultou em sua morte.

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