Slumdog Millionaire

Danny Boyle mistura o Show do Milhão com Cidade de Deus na Índia e faz seu melhor filme

Imagine se Dadinho e Bené, a dupla de miniaturas de marginais que toma conta da Cidade de Deus no filme de Fernando Meirelles, tivesse nascido na Índia. Agora imagine se um deles tivesse a chance de ficar milionário numa versão indiana do Show do Milhão.

Imaginou? Então você já tem uma idéia do que é Slumdog Millionaire (Quem Quer Ser Um Milionário, por aqui), nono longa-metragem do inglês Danny Boyle, que deve tomar a estatueta de melhor filme de Benjamin Button na cerimônia do Oscar, no próximo dia 22.

E, que fique claro, merecidamente.

Totalmente filmado em Mumbai, o filme conta a história de Jamal Malik, assistente de operador de telemarketing que está prestes a ficar rico no programa Quem Quer Ser Um Milionário e que, por isso, acaba despertando suspeita de fraude.

Torturado pela polícia, Jamal acaba contando exatamente como sabia cada uma das respostas. O que nos leva a acompanhar a sua trajetória de garoto pobre, que perde a mãe logo cedo e então começa uma vida de pequenos golpes com o irmão mais velho, Salim, passando por momentos hilários e outros completamente desconcertantes.

Homenagem a Bollywood

A câmera ágil de Boyle e a fotografia com cores fortes lembram muito Cidade de Deus. Mas os filmes são distintos - Slumdog Millionaire é, descaradamente, um filme documental disfarçado de conto de fadas, que mostra uma Mumbai caótica, sem maquiagem, e que revela o tão falado contraste de riqueza e pobreza da maior cidade da Índia como nunca antes.

Para conseguir fazer seu filme na Índia, Boyle reuniu um elenco completamente desconhecido - pelo menos para o cinéfilo hollywoodiano -, arrumou uma co-diretora local e filmou com técnicos indianos.

O resultado foi o seu filme mais coeso e surpreendente desde Trainspotting, de 1997, que consegue fazer o público rir e chorar quase ao mesmo tempo e ainda homenageia o cinema de Bollywood, com direito a coreografia e tudo mais.

É, desde já, o favorito do eudiário na corrida pela estatueta de melhor filme na maior premiação do cinema americano - se tomarmos o Globo de Ouro como indicação, a vitória pode até ser certa.