
O Caçador de Pipas
Adaptação emocionante e competente
Comprei o livro O Caçador de Pipas há exatamente duas semanas. Acompanhei pela internet e em algumas matérias de jornais e revistas toda a história da adaptação para o cinema pelas mãos do competente diretor Marc Forster (A Última Ceia, Em Busca da Terra do Nunca) e resolvi ler o livro antes de sua estréia na tela grande.
Infelizmente, isso não foi possível. Mas o lado bom disso tudo é que depois de ver o filme fiquei com mais vontade ainda de ler o romance/biografia ou biografia/romanceada de Khaled Hosseini.
A história talvez todo mundo já saiba (escritor afegão com cidadania americana tem que voltar à terra natal para descobrir a verdade sobre a própria vida, vencer medos e superar velhos dramas), mas a grande surpresa de O Caçador de Pipas é ter conseguido adaptar com elegância um livro que tinha tudo para render um dramalhão mexicano.
Desde a primeira cena, Forster mostra a que veio. O diretor quer emocionar e ao mesmo tempo tocar em questões delicadas, como tradições seculares, religião e política, nunca perdendo a veia dramática, universal, que une todas as personagens - aliás, a história dos amigos Amir e Hassan é semelhante a de muitas outras crianças ao redor do mundo. E é isso que mais toca no filme.
Num Afeganistão prestes a ser invadido pela hoje extinta União Soviética, dois garotos cultivam uma amizade verdadeira, a despeito de suas origens - Amir é rico e Hassan é seu empregado, considerado inferior na hierarquia preconceituosa da região.
Amir mantém uma relação tênue de amor/ciúme/culpa com o pai, devido a ausência da mãe, e vive momentos de intensa alegria ao lado do melhor amigo - que tem seu auge na belíssima seqüência do campeonato de pipas. Mas um fato horrendo acontece e acaba separando as duas crianças - algo que só será resolvido 20 anos depois.
Contar mais significa estragar várias surpresas. Vale dizer que Amir é o personagem central da história e que conduzirá o expectador numa viagem dura, triste e assustadora, mas reveladora.
Com um filme paticamente todo falado em dari, idioma persa dominante em Cabul, capital do Afeganistão, Forster acertou a mão mais uma vez e conseguiu um filme excepcional sem parecer grandioso e emocionante sem cair na pieguice.
E isso é uma qualidade raríssima hoje em dia.
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