
conferido!
CONTROL
Ator inspirado conduz filme regular
Grave este nome: Sam Riley. Assim que o estreante ator inglês entra em cena em Control, cinebiografia de Ian Curtis, líder da banda Joy Division, domina o público e simplesmente conduz um filme regular a momentos excepcionais.
Control marca a estréia do fotógrafo de músicos/celebridades Anton Corbjin no cenário cinematográfico. Bastante conhecido por seu trabalho com o U2, grupo que fotografa desde idos de 1985, Corbjin foi responsável por mudar a cara do trio Depeche Mode nos anos 90 e dirigiu alguns videoclipes decentes, a exemplo de One, da banda irlandesa, quando travestiu de mulher Bono e sua gangue.
Em Control, Corbjin opta por uma fotografia em preto-e-branco (uma característica que marca toda sua obra) e demonstra controle total na direção de atores e reconstituição de época.
Control é um filme como poucos, com momentos inspiradíssimos, que arrepiam o expectador e nos remetem ao início dos anos 1980, mas também com seqüências longas e tediosas, que tentam reproduzir a depressão do personagem principal e acabam entediando quem está do outro lado da tela.
O roteiro é interessante e mostra o início do Joy Division, desde a formação, apresentações matadoras e gravação de seus dois álbuns, até a preparação para a turnê americana, que provavelmente levaria a banda ao estrelato mundial, interrrompida pelo suicídio de Curtis.
Toda a agonia e tormento de Curtis, jovem músico talentoso de 23 anos que sofria de depressão e epilepsia, é mostrada friamente e sem rodeios - algo que pareceria bom, mas desequilibra o filme. Talvez a culpa seja do roteiro, escorado na biografia escrita pela viúva de Curtis, que relaciona os problemas do rapaz a suas indecisões amorosas.
Corbjin falha ao seguir essa lógica e simplifica a cabeça de um músico formidável, responsável por canções fortes e de poesia singular, a um sujeito atormentado por dois amores.
A esposa de Curtis é vivida no filme por Samantha Morton, a sereia gostosa de Electrical Strom, do U2, e a paranormal careca de Minority Report. Para resumir sua atuação, qualquer cidadão que se preze teria dado um tiro na cabeça se casasse com essa mulher.
Para fãs brasileiros, é conveniente notar o quanto o Joy Division influenciou o rock de Brasília, no início dos anos 1980. Desde os maneirismos de Curtis no palco às canções cheias de texturas, algumas bandas nacionais, lideradas pela Legião Urbana, simplesmente copiaram o que aqueles rapazes ingleses fizeram.
No final das contas, Control é um filme regular, mas necessário para todo roqueiro que se preze. Sam Riley é um verdadeiro talento e deve estourar rapidinho em Hollywood. Suas incursões no palco rendem os melhores momentos do filme e nos fazem querer ter vivido aqueles dias.
Um momento antológico: um Ian Astbury tímido, manobrista de estacionamento, sobe ao palco para substituir Curtis numa apresentação. Astbury, que trabalhou como roadie do U2 em 1980, ficou conhecido mundialmente alguns anos depois, quando formou o grupo The Cult.
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