Uma crítica...

Superman - O Retorno

Demorei a tentar escrever uma crítica de Superman - O Retorno porque não me considerei afastado o suficiente do filme. O personagem é especial para mim e a produção dirigida por Bryan Singer (de quem sou fã confesso) se tornou um dos destaques neste blog há pouco mais de um ano, o que tornou realmente difícil construir uma análise fria e isenta de suspeitas.

Pois bem. Passei o fim de semana digerindo e relembrando o que assisti na sexta-feira 14 e, dois dias depois de ter conferido Superman - O Retorno no cinema, eis que me atrevo a uma crítica construtiva e (quase) imparcial.

Primeiro, vamos aos aspectos negativos. Superman - O Retorno não é um filme impecável. Não me refiro à adaptação de quadrihos, mas sim ao longa-metragem. Sabe-se que o longa tinha uma duração muito maior e que o diretor foi forçado a fazer alguns cortes.

Só que muitas cenas foram cortadas. Eu contei pelo menos seis que apareceram nos trailers e prévias - a mais conhecida delas, logo no início do filme, quando o homem-de-aço voa através dos destroços de Krypton em sua nave. Espera-se que na edição em DVD todas estejam lá.

O corte dessas cenas acelerou a narrativa, mas atrapalhou a apresentação dos personagens e interferiu em pelo menos uma sequência chave da história: quando o jovem Clark corre e salta pela fazenda dos pais e encontra em seguida a nave e o cristal kriptonianos pela primeira vez. Na minha opinião, a cena era essencial para a compreensão da trama.

Outro detalhe que me desagradou foi o Superman digital. Excetuando-se uma ou duas sequências, o personagem gerado em computação gráfica me pareceu completamente descartável. Há cenas de pequenos vôos do Super-Homem que poderiam muito bem ter sido feitas pelo ator. Em outras vezes, a imagem sofreu tanto tratamento que o ator parece ser digital. Muito dinheiro dá nisso.

Vamos aos pontos positivos. O filme tem 2 horas e 33 minutos de duração que passam tão rápidas que mais parecem meia-hora. E isso é muito bom para uma produção que tem uma edição clássica (cortes lentos) e que às vezes nem parece ser um blockbuster feito no ano de 2006.

O roteiro é uma pérola que honra e homenageia o filme de 1978, dirigido por Richard Donner, e atualiza o personagem de verdade para um novo público, mas sem fugir das raízes. Singer ousa e mexe na história do herói sem um pingo de medo. E, o melhor, acerta em cheio.

Não espere nada de ideal americano, bandeira com listras vermelhas etc. O Super-Homem está mais para um guardião do planeta Terra do que um defensor da política do tio Sam, como fica claro numa cena que o mostra no noticiário internacional, agindo em diversos países. E ele também voa, voa mesmo. Com o devido respeito aos filmes anteriores, aqui o herói não só voa como parece pertencer ao ar.

Brandon Routh está perfeito. Olhar para o cara atuando nos traz Christopher Reeve à memória de imediato. Mas Routh não fica à sombra de seu antecessor, muito pelo contrário. E isso não só se deve ao seu talento, mas também à evolução que o personagem sofre no roteiro idealizado por Singer e assinado pelos moleques Michael Dougherty e Dan Harris.

O Super-Homem nunca teve uma encarnação tão imponente, seja na TV ou no cinema. Aqui, seu poder é mostrado de verdade, bem como sua humanidade. Cada vez que aparece, nos lembra um semideus, ou um deus mesmo, caminhando entre os mortais. E Singer explora isso muito bem. O personagem é comparado a deuses gregos, está contemplativo, faz pose de salvador, e mais do que nunca tem sua história aproximada à de Jesus Cristo.

Analogias à parte, os efeitos são matadores (a despeito de algumas falhas), a trama é apaixonante e os atores estão perfeitos, desde Sam Huntington, como Jimmy Olsen, passando por Frank Langela (Perry White) até Kate Bosworth - aliás, sua Lois Lane é uma evolução perfeita da personagem de Superman II, interpretada por Margot Kidder nos longínquos anos 1980.

Falar de Kevin Spacey no papel de Lex Luthor é meio que cair na mesmice. Um ator do calibre de Spacey consegue ser ruim? Talvez, mas aqui não é o caso. Seu Luthor é uma mistura do vilão cínico feito por Gene Hackman com a sofisticação do Lex de Smallville e algumas pitadas de loucura dignas de algum insano saído do universo de Batman.

Uma boa surpresa é James Marsden, o Ciclope da trilogia X-Men. Seu Richard White é inteligente, bonito e ousado e tem grande importância no filme, ao contrário de seu primo da concorrente Marvel. Basta dizer que Richard é o homem que Clark Kent deveria ser para conquistar Lois.

Para concluir, Superman - O Retorno é um grande filme que deve agradar qualquer um, mas que, com certeza, vai fazer os fãs dos dois primeiros chorarem de alegria e emoção. Definitivamente, o Homem-de-Aço voltou à ativa. Aleluia. E que venha o próximo.

O vídeo abaixo mostra como os efeitos especiais nos confundem neste filme. Foi liberado pela Warner Bros. no ultimo fim de semana e chega ao Eudiário via YouTube. Clica no play logo abaixo e confira.

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