HQ
Superman invade as bancas
Desde a semana passada, revistas de todas as linhas não param de chegar às bancas com o ator Brandon Routh vestido como Superman estampado na capa - até a Galileu! A ordem do mês é faturar em cima do personagem.
Nada mais justo então que as editoras de quadrinhos também entrem nadança, não é? Desde a semana passada, a Panini não pára de jogar encadernados do kriptoniano no mercado. Alguns são realmente clássicos, mas outros são material de quinta categoria.
O Eudiário correu atrás e conferiu alguns dos lançamentos mais importantes, para que você não gaste seu suado dinheirinho à toa. Vamos lá.
O Legado das Estrelas - Escrita por Mark Waid e ilustrada pelo excelente Leinil Francis Yu, esta minissérie em sete partes teve a missão de recontar a origem do Super-Homem para o novo milênio, assim como John Byrne fez em 1986.
Parece que não deu muito certo, apesar de ser um material soberbo. Waid escreveu o roteiro como se a história fosse uma evolução da telessérie Smallville e homenageou tanto a origem cinematográfica do herói quanto a reformulação feita por John Byrne.
O Legado (Birthright, no original) mostra um Super-Homem mais jovem, viajando pelo mundo, conhecendo outras culturas e ganhando experiência antes de assumir sua identidade kriptoniana. A intenção de mostrar o personagem mais como um cidadão do mundo e menos como ícone americano é bem explorada aqui e faz até sentido.
A relação amigo/inimigo com Lex Luthor é muito bem desenvolvida, bem como a herança kriptoniana do protagonista. Os desenhos de Yu são formidáveis, mas a partir da metade da minissérie mostram um certo descuido com detalhes - o que leva a crer que o artista teve problemas com os prazos.
Ainda assim, O Legado das Estrelas é uma grande HQ e poderia ser o grande filme do Superman, caso Bryan Singer quisesse recontar a origem do herói no cinema. Compre sem medo.
Identidade Secreta - Alguns críticos de plantão associaram esta minissérie ao sucesso da série Smallville, mas a verdade é que são dois produtos completamente distintos.
Identidade Secreta é um filme em quadrinhos. Uma história que, supostamente, se passa no mundo real, onde super-heróis são apenas personagens de quadrinhos.
Escrita primorosamente por Kurt Busiek e ilustrada soberbamente por Stuart Immonem, responsável também pela colorização, a mini conta a história de um jovem chamado Clark Kent, que vive no interior do Kansas, na cidade de Knoxville.
Clark é um adolescente sem perpectivas e sem gosto para a vida, tudo por causa de seu nome. Até que um dia ele começa a manifestar as mesmas habilidades do herói das revistinhas em quadrinhos. E então tudo muda. Claro.
Busiek e Immonem criaram um clássico instantâneo. Identidade Secreta é uma bela HQ, que, acima de tudo, homenageia o Homem-de-Aço, presenteia os fãs do personagem (principalmente os mais antigos) e tem potencial para virar um grande filme.
Só como curiosidade, algumas das páginas mais bonitas de Immonem viraram película em Superman Returns. Os roteiristas do filme disseram que foi apenas coincidência, mas quem fã do kriptoniano sabe a verdade.
As Quatro Estações - Esta minissérie foi publicada pela primeira vez no Brasil pela Abril, na época de ouro da editora, e é um pequeno clássico do personagem.
Escrita por Jeph Loeb e desenhada por seu parceiro Tim Sale, é dividida em quatro partes (saindo agora como encadernado) e conta a história dos primeiros anos de Clark Kent como Super-Homem.
O final de sua adolescência em Smallville, a relação com seus pais e Lana Lang, a chegada em Metrópolis, o primeiro encontro com Lois e Lex Luthor, está tudo aqui, contado com ares de poesia através do texto eficiente de Loeb.
Os desenhos de Sale são fabulosos, cinematográficos até (as páginas duplas mostrando o rancho Kent e Metrópolis são excepcionais). Mas seu Super-Homem é um misto de Zé Colméia com o gorducho mongo da escola - feio que só o diabo. Só que isso não tira um milímetro sequer da qualidade do trabalho.
A mini é baseada em The Man of Steel (O Homem-de-Aço), o novo ponto de partida para o super-herói nos anos 1980, escrita e ilustrada pelo canadense John Byrne (ver texto abaixo).
Dizem que As Quatro Estações serviu de inspiração para os roteiristas Al Gough e Miles Millar criarem a série Smallville. Semelhanças à parte, a minissérie é explêncida e mostra como uma história de um semideus pode ser profundamente humana. Compre assim que chegar às bancas.
Entre a Foice e o Martelo - Fez muito sucesso nos EUA, quando lançada, o que gerou uma certa expectativa por aqui. A minissérie, agora encadernada, faz parte do selo ElseWorlds da DC Comics, que situa os heróis da editora em tempos e contextos diferentes.
Pois bem, escrita por Mark Millar, roteirista de Os Supremos da concorrente Marvel, Red Son ou Entre a Foice e o Martelo conta a história do Super-Homem sob a perpectiva da guerra fria. Melhor: e se o foguete kriptoniano tivesse caído numa fazenda do interior da extinta União Soviética?
Partindo dessa visão, Millar descreve como Stalin se apropria da imagem do herói camponês para moldar seu império vermelho e tornar a URSS a maior potência do planeta.
Praticamente todo o universo DC está presente na minissérie, sob abordagens novas. Então, se prepare para ver versões detestáveis da Mulher Maravilha e Batman.
A primeira parte é até interessante, mostrando a primeira aparição pública do Super-Homem ao lado de Stalin e seu primeiro salvamento em terras do tio Sam - e os desenhos de Dave Johnson mantêm o interesse.
Mas a partir da segunda edição tudo descamba, inclusive os desenhos, repartidos com mais dois artistas. E a história toma um certo ar preconceituoso - algo como um americano escrevendo sobre a o imperio soviético.
Ainda assim, Red Son é uma boa minissérie do Homem-de-Aço - ainda que a panini tenha deixado o personagem ser chamado de Superman, apesar de ser russo.
Dia do Juízo Final - bem no início dos anos 1990, o Super-Homem passava por uma fase desastrosa, devido à saída de John Byrne das fileiras da DC Comics. Então, para alavancar as vendas, nada como matar o maior super-heróis de todos os tempos.
Pois bem, A Morte do Super-Homem foi, acima de tudo, um evento multimídia, que ajudou a resgatar o interesse do público pelo personagem e pela HQs de um modo geral. Mas, se tratando de qualidade, foi uma porcaria só.
O responsável por isso: um cara chamado Dan Jurgens, que substituiu Byrne nos desenhos e correu atrás até conseguir roteirizar suas histórias. Eis que ele foi o arquiteto da morte do kriptoniano. O título principal ficou para ele, que desenhou quadrinhos de página inteira e páginas duplas.
Agora, por que eu estou escrevendo sobre A Morte do Super-Homem e não sobre Dia do Juízo Final? Vou tentar ser breve: Jurgens escreveu e desenhou esta bomba, relembrando os dez anos de sua maior cartada.
Teve o consagrado-mas-ultrapassado Bill Sienkiewics como arte-finalista e entregou uma porcaria que mais parece um livro de rascunhos de um desenhista seboso, tentando contar alguma coisa.
Uma droga. Passe longe.
O Homem de Aço - Esta ainda é uma promessa. A Mythos Editora anuncia seu lançamento há mais de ano e até agora nada. Mas deve sair ainda este mês.
O Homem de Aço é a minissérie original escrita e desenhada por John Byrne, oriundo da Marvel e do universo do Quarteto Fantástico, onde desenvolveu um trabalho excepcional como roteirista e ilustrador depois da aclamada passagem por Uncanny X-Men, ao lado de Chris Claremont.
Na época, foi um grande evento. Era tipo "O" mestre dos quadrinhos fazendo história sobre "A" história dos quadrinhos.
Em O Homem de Aço, Byrne atualizou o personagem para uma nova geração. Mas atualizou mesmo, renovando desde a personalidade do Super-Homem até seus coadjuvantes e imprimindo um tom de cinema às suas histórias.
Nunca o homem-de-aço voou tão bem nos quadrinhos quanto com Byrne. Seu Clark Kent/Kal El/Superman era o rosto do ator Christopher Reeve adaptado para o nanquim e o repórter do Planeta Diário fazia alusão aos tempos áureos de George Reeves.
Byrne pegou tudo que funcionava nas adaptações do Super-Homem, inseriu novos elementos e personagens, fez releituras de outros e conseguiu algo que a DC Comics procura repetir até hoje sem sucesso.
Basta dizer que não existiria Quatro Estações, Legado das Estrelas, Identidade Secreta ou mesmo a telessérie Smallville se não fosse pelo trabalho de Byrne. É. Tudo começou aqui, com O Homem de Aço.
Essencial.
Superman invade as bancas
Desde a semana passada, revistas de todas as linhas não param de chegar às bancas com o ator Brandon Routh vestido como Superman estampado na capa - até a Galileu! A ordem do mês é faturar em cima do personagem.
Nada mais justo então que as editoras de quadrinhos também entrem nadança, não é? Desde a semana passada, a Panini não pára de jogar encadernados do kriptoniano no mercado. Alguns são realmente clássicos, mas outros são material de quinta categoria.
O Eudiário correu atrás e conferiu alguns dos lançamentos mais importantes, para que você não gaste seu suado dinheirinho à toa. Vamos lá.

Parece que não deu muito certo, apesar de ser um material soberbo. Waid escreveu o roteiro como se a história fosse uma evolução da telessérie Smallville e homenageou tanto a origem cinematográfica do herói quanto a reformulação feita por John Byrne.
O Legado (Birthright, no original) mostra um Super-Homem mais jovem, viajando pelo mundo, conhecendo outras culturas e ganhando experiência antes de assumir sua identidade kriptoniana. A intenção de mostrar o personagem mais como um cidadão do mundo e menos como ícone americano é bem explorada aqui e faz até sentido.
A relação amigo/inimigo com Lex Luthor é muito bem desenvolvida, bem como a herança kriptoniana do protagonista. Os desenhos de Yu são formidáveis, mas a partir da metade da minissérie mostram um certo descuido com detalhes - o que leva a crer que o artista teve problemas com os prazos.
Ainda assim, O Legado das Estrelas é uma grande HQ e poderia ser o grande filme do Superman, caso Bryan Singer quisesse recontar a origem do herói no cinema. Compre sem medo.

Identidade Secreta é um filme em quadrinhos. Uma história que, supostamente, se passa no mundo real, onde super-heróis são apenas personagens de quadrinhos.
Escrita primorosamente por Kurt Busiek e ilustrada soberbamente por Stuart Immonem, responsável também pela colorização, a mini conta a história de um jovem chamado Clark Kent, que vive no interior do Kansas, na cidade de Knoxville.
Clark é um adolescente sem perpectivas e sem gosto para a vida, tudo por causa de seu nome. Até que um dia ele começa a manifestar as mesmas habilidades do herói das revistinhas em quadrinhos. E então tudo muda. Claro.
Busiek e Immonem criaram um clássico instantâneo. Identidade Secreta é uma bela HQ, que, acima de tudo, homenageia o Homem-de-Aço, presenteia os fãs do personagem (principalmente os mais antigos) e tem potencial para virar um grande filme.
Só como curiosidade, algumas das páginas mais bonitas de Immonem viraram película em Superman Returns. Os roteiristas do filme disseram que foi apenas coincidência, mas quem fã do kriptoniano sabe a verdade.

Escrita por Jeph Loeb e desenhada por seu parceiro Tim Sale, é dividida em quatro partes (saindo agora como encadernado) e conta a história dos primeiros anos de Clark Kent como Super-Homem.
O final de sua adolescência em Smallville, a relação com seus pais e Lana Lang, a chegada em Metrópolis, o primeiro encontro com Lois e Lex Luthor, está tudo aqui, contado com ares de poesia através do texto eficiente de Loeb.
Os desenhos de Sale são fabulosos, cinematográficos até (as páginas duplas mostrando o rancho Kent e Metrópolis são excepcionais). Mas seu Super-Homem é um misto de Zé Colméia com o gorducho mongo da escola - feio que só o diabo. Só que isso não tira um milímetro sequer da qualidade do trabalho.
A mini é baseada em The Man of Steel (O Homem-de-Aço), o novo ponto de partida para o super-herói nos anos 1980, escrita e ilustrada pelo canadense John Byrne (ver texto abaixo).
Dizem que As Quatro Estações serviu de inspiração para os roteiristas Al Gough e Miles Millar criarem a série Smallville. Semelhanças à parte, a minissérie é explêncida e mostra como uma história de um semideus pode ser profundamente humana. Compre assim que chegar às bancas.

Pois bem, escrita por Mark Millar, roteirista de Os Supremos da concorrente Marvel, Red Son ou Entre a Foice e o Martelo conta a história do Super-Homem sob a perpectiva da guerra fria. Melhor: e se o foguete kriptoniano tivesse caído numa fazenda do interior da extinta União Soviética?
Partindo dessa visão, Millar descreve como Stalin se apropria da imagem do herói camponês para moldar seu império vermelho e tornar a URSS a maior potência do planeta.
Praticamente todo o universo DC está presente na minissérie, sob abordagens novas. Então, se prepare para ver versões detestáveis da Mulher Maravilha e Batman.
A primeira parte é até interessante, mostrando a primeira aparição pública do Super-Homem ao lado de Stalin e seu primeiro salvamento em terras do tio Sam - e os desenhos de Dave Johnson mantêm o interesse.
Mas a partir da segunda edição tudo descamba, inclusive os desenhos, repartidos com mais dois artistas. E a história toma um certo ar preconceituoso - algo como um americano escrevendo sobre a o imperio soviético.
Ainda assim, Red Son é uma boa minissérie do Homem-de-Aço - ainda que a panini tenha deixado o personagem ser chamado de Superman, apesar de ser russo.

Pois bem, A Morte do Super-Homem foi, acima de tudo, um evento multimídia, que ajudou a resgatar o interesse do público pelo personagem e pela HQs de um modo geral. Mas, se tratando de qualidade, foi uma porcaria só.
O responsável por isso: um cara chamado Dan Jurgens, que substituiu Byrne nos desenhos e correu atrás até conseguir roteirizar suas histórias. Eis que ele foi o arquiteto da morte do kriptoniano. O título principal ficou para ele, que desenhou quadrinhos de página inteira e páginas duplas.
Agora, por que eu estou escrevendo sobre A Morte do Super-Homem e não sobre Dia do Juízo Final? Vou tentar ser breve: Jurgens escreveu e desenhou esta bomba, relembrando os dez anos de sua maior cartada.
Teve o consagrado-mas-ultrapassado Bill Sienkiewics como arte-finalista e entregou uma porcaria que mais parece um livro de rascunhos de um desenhista seboso, tentando contar alguma coisa.
Uma droga. Passe longe.

O Homem de Aço é a minissérie original escrita e desenhada por John Byrne, oriundo da Marvel e do universo do Quarteto Fantástico, onde desenvolveu um trabalho excepcional como roteirista e ilustrador depois da aclamada passagem por Uncanny X-Men, ao lado de Chris Claremont.
Na época, foi um grande evento. Era tipo "O" mestre dos quadrinhos fazendo história sobre "A" história dos quadrinhos.
Em O Homem de Aço, Byrne atualizou o personagem para uma nova geração. Mas atualizou mesmo, renovando desde a personalidade do Super-Homem até seus coadjuvantes e imprimindo um tom de cinema às suas histórias.
Nunca o homem-de-aço voou tão bem nos quadrinhos quanto com Byrne. Seu Clark Kent/Kal El/Superman era o rosto do ator Christopher Reeve adaptado para o nanquim e o repórter do Planeta Diário fazia alusão aos tempos áureos de George Reeves.
Byrne pegou tudo que funcionava nas adaptações do Super-Homem, inseriu novos elementos e personagens, fez releituras de outros e conseguiu algo que a DC Comics procura repetir até hoje sem sucesso.
Basta dizer que não existiria Quatro Estações, Legado das Estrelas, Identidade Secreta ou mesmo a telessérie Smallville se não fosse pelo trabalho de Byrne. É. Tudo começou aqui, com O Homem de Aço.
Essencial.
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