Oscar 2006
"E o Oscar foi para... Crash!?"

Lamentável é o que se pode dizer da 78a. premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Premiar Crash no lugar de Brokeback Mountain só mostrou o quanto a academia ainda é retrógrada e antiquada quando o assunto é um tanto polêmico.

Para mim, houve um plano claro para derrubar Brokeback Mountain do prêmio principal desde o início, quando o apresentador falou que seria uma noite de surpresas. O filme de Ang Lee papou os prêmios mais importantes do mundo, inclusive nos EUA. Não porque é um filme politicamente correto, mas porque é uma verdadeira pérola anti-preconceitos. E sem apelar para artifícios.

E nem os produtores de Crash acreditaram na premiação. Ficaram se olhando, abismados, por um bom tempo.

Confesso que não assisti Crash nos cinemas, apesar de o filme estar em cartaz há muito tempo. Mas a passagem meteórica que o filme teve nos cinemas americanos (inclusive com críticas chochas) e brasileiros (em algumas capitais, nem ganhou espaço) aliada às críticas razoáveis, leva a crer que é um bom filme, mas longe de ser um ganhador de Melhor Filme.

Mas dá para entender a Academia: "Dar o Oscar de Melhor Filme a um diretor chinês? Pô, o cara vem falar do miolo dos EUA e nem americano é! E o filme ainda fala de boiolagem no Texas, terra de macho dono de gado e petróleo!? Mas o filme ganhou o Golden Globe! E o prêmio da Associação de Diretores e Produtores? E agora? Ah, dá o prêmio de direção e descarta o de melhor filme. Não vamos dar esse MAU exemplo aos nossos puros e héteros filhos. Ou melhor, vamos dar esse BOM exemplo aos nossos puros e héteros filhos. Primeiro o beijinho, depois a rasteira."

De resto, o que já era de se esperar - a insossa Reese Witherspoon traçou Melhor Atriz (Joaquim Phoenix dá banho nela no filme e sequer foi indicado), George Clooney ganhou Ator Coadjuvante por Siryana, King Kong não deixou prêmio técnico para ninguém e O Jardineiro Fiel levou a estatueta de Atriz Coadjuvante com Rachel Weisz.

A verdadeira surpresa, para mim, veio com o Oscar de Filme Estrangeiro, Quando todo mundo apostava no plaestino Paradise Now, eis que ganha o africano Tsotsi. A primeira mostra da covardia da academia, que foi pressionada pelo governo palestino para que não premiasse o importantíssimo filme que fala do cotidiano dos homens-bomba.

A transmissão da Rede Globo foi uma droga, como era de se esperar. Começou com quase uma hora de atraso por causa do Big Brother Brasil e não mostrou nem o Oscar mezzo-brasileiro ganho pelo filme de Fernando Meirelles - certo ele, que ficou em casa.

Os pseudo-comentários do pseudo-comentarista José "JK" Wilker quase inexistiram, mas estavam lá. O melhor deles foi repetido pelo ator três vezes, quando King Kong levou as estatuetas de Efeitos Especiais, Mixagem de Som e Edição de Som: "É merecido, mas é de se esperar de um filme como King Kong." Que dó.

Que venha o próximo ano.

Comentários

Anônimo disse…
Cerimônia de Oscar, só com tecla SAP. O único comentarista que merecia destaque é o Rubens Ewald Filho, que tem vasta cultura cinematográfica e acrescenta algo ao que está sendo dito.

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