
Ou O Exorcismo de Emily Rose
A garota de traços meigos na foto acima se chamava Anneliese Michel. Ela viveu por 24 anos na cidade de Wurzburg, na Alemanha. Sua história ganhou a mídia do país nos anos 1970, mudou conceitos de cristãos e ateus e chacoalhou as crenças da igreja católica.
Anneliese era uma garota como qualquer outra de Wurzburg: apegada à família, estudiosa e bastante religiosa. Até que num dia qualquer de 1968, aos 16 anos, ela começou a tremer e descobriu que não tiha controle sobre seu corpo.
Diagnosticada como epiléptica, Anneliese foi internada e passou por um tratamento para sanar sua doença. Durante o internamento, ela começa a ver vultos demoníacos enquanto faz suas preces e dois anos depois, no verão de 1970, começa também a ouvir vozes.
Depois de contar para seus médicos que as vozes estavam dando ordens para ela, Anneliese desiste do tratamento convencional e acredita estar possuída por demônios.
Os pais de Anneliese passaram cinco anos de idas e vindas a diferentes igrejas, em busca de algum padre ou pastor disposto a fazer um exorcismo. Até que em setembro de 1975, o bispo de Wurzburg verificou pessoalmente o caso da menina e autorizou um padre e um pastor a executar o "Rituale Romanum", um método da igreja datado do século XVII.
Seis demônios
Entre setembro de 1975 e julho de 1976, Anneliese passou por cerca de dois exorcismos por semana - todos gravados em fita de áudio. De início, conseguiu retomar sua vida, voltou à igreja e concluiu os estudos na escola local. Mas os ataques não pararam. Muito pelo contrário: se tornaram mais freqüentes e cada vez mais violentos. Anneliese se recusava a comer, alegando que os demônios a impediam, e seu corpo definhava dia a dia.
Foi determinado que o corpo de Anneliese portava pelo menos seis entidades demoníacas conhecidas, incluindo Lúcifer, Judas Escariotes, Nero, Caim, Hitler e Fleischmann, um padre franco-alemão que caiu em desgraça no século XVI, além de outras tantas não identificadas.
Anneliese ficava mais violenta, impondo ao seu próprio corpo ferimentos pesados. Dormia no chão, caía de joelhos até abrir a carne, comia baratas, moscas e até carvão, agredia os familiares com violência e falava em aramaico, latim e com sotaques diferentes - numa das fitas, consta um diálogo entre o espírito de Hitler, que tinha sotaque austríaco, com outro demônio, decidindo quem abandonaria o corpo da garota primeiro.
O último dia de exorcismo aconteceu em 30 de junho de 1976. Anneliese estava com pneumonia e acabou morrendo no dia seguinte. Sua mãe gravou em fita cassete seus últimos suspiros. "Mãe, estou com medo", foram suas últimas palavras.
Os pais de Anneliese, bem como o padre e o pastor, foram acusados de homicídio negligente e considerados culpados por homicídio casual devido à omissão de cuidados. A pena imposta foi de seis meses de prisão, sob condicional.
O túmulo de Anneliese hoje é visitado por milhares de pessoas e pergrinos do mundo inteiro. Tornou-se uma espécie de marco para os cristãos da luta contra o demônio e as forças do inferno. Sua história foi adaptada para o cinema, com algumas alterações, e está altualmente em cartaz nas salas do mundo.
O Exorcismo de Emily Rose é o verdadeiro motivo deste texto. Conferi o filme na semana passada e fiquei muito impressionado com o que vi, principalmente por se tratar de uma história baseada em fatos reais - um exorcismo leva uma garota à morte e seus pais e exorcizadores são julgados e condenados.
Fiz uma pequena pesquisa na internet e descobri que a triste história de Emily Rose no filme é ainda mais triste.
Se puder conferir no cinema, não perca. O Exorcismo de Emily Rose mescla filme de tribunal com terror e é o melhor filme de exorcismo desde O Exorcista (pense se o filme do Padre Merry fosse feito hoje por um diretor sem medo de fazer medo).
O Eudiário recomenda. Arrepia até a alma.
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