
Filme brilha ao mostrar conflito real com toques melosos
Quando estiver na sua vídeolocadora favorita e der de cara com Hotel Ruanda, não se intimide pela capa pouco chamativa e retire a fita da prateleira sem medo.
O primeiro filme do inglês Terry George, roteirista de Em Nome do Pai (de Jim Sheridan), casa com perfeição ficção e realidade, dando um certo ar documental à produção, mas sem deixar de lado às raízes do diretor, oriúndo de telefilmes.
Hotel Ruanda mostra os eventos que aconteceram em 1994, em Kigali, capital de Ruanda, África do Sul, que resultaram na morte de cerca de 1 milhão de pessoas - uma briga racista entre Hutus e Tutsis, duas tribos locais - e que se passaram à parte da história mundial à epoca.
O filme conta ainda a história de um homem chamado Paul Rusesabagina, gerente de um hotel de luxo (Des Milles Collines), de propriedade de um grupo belga, que a contragosto tem que escolher um lado no conflito. Rusesabagina opta por refugiar os perseguidos e acaba por salvar a vida de mais de 1.200 tutsis, além de sua própria família e equipe do hotel.
A edificante história de Rusesabagina (um Oscar Schindler dos novos tempos) aliada ao drama do extermínio dos tusis ignorado pela ONU comoveram o (desconhecido) roteirista Keir Pearson, que passou dez anos escrevendo o filme e buscando um parceiro para realizar o projeto.
Com a entrada de Terry George, a produção conseguiu andar para frente, mas o diretor imprimiu elementos dramáticos para amenizar a narrativa e torná-la menos áspera. Em alguns momentos, dá para perceber a origem televisa do diretor, mas nada que atrapalhe a trama. Muito pelo contrário.
Hotel Ruanda faz você chorar, ter raiva, se sentir culpado e, por fim, aliviado. Mas, acima de tudo, o filme consegue trazer à tona mais um dos absurdos da história da humanidade, que aconteceu há pouco mais de 10 anos, bem debaixo de nossos narizes.
O DVD traz um também um bom documentário que mostra a via crúcis do roteirista e do diretor para realizar o filme e apresenta o verdadeiro Paul Rusesabagina, que atuou como consultor na produção.
Em tempo, Don Cheadle (Traffic, 11 Homens e Um Segredo) está excelente como Paul Rusesabagina e o elenco superafiado tem em suas fileiras nomes como Joaquim Phoenix (Gladiador, A Vila), Nick Nolte (Hulk) e o francês Jean Reno (O Profissional, Missão: Impossível), além de um time de atores desconhecidos que merece um grande prêmio por atuação.
Falando em premiação, Hotel Ruanda concorreu no último Oscar às estatuetas de Roteiro Original, Ator e Atriz Coadjuvante (Sophie Okonedo, que fez a esposa Tatiana Rusesabagina).
Grande filme.
Sophie Okonedo e Don Cheadle espiam a vizinhança
Comentários