O Despertar de Uma Atriz
Angelina Jolie brilha em papel construído para ganhar Oscar em mais uma obra-prima de Clint Eastwood, escrita pelo ex-roteirista de Homem-Aranha

Falar que Clint Eastwood é gênio já virou meio que lugar comum aqui no eudiario. Mas o pior (ou melhor, neste caso) é que isso é a mais pura verdade.

E com A Troca (Changeling), o cineasta americano mais sem limites da atualidade se consolida como um Spielberg da terceira idade (ele está com 68), mostrando uma jovialidade e visão que envergonha boa parte dos novos diretores.

Mas é no roteiro de J. Michael Straczynski, criador da chatérrima telessérie Babylon 5 e responsável pela melhor fase do Homem-Aranha nos quadrinhos desde a era Stan Lee, que a pérola se esconde.

A história é arrepiante e o pesadelo de qualquer pai ou mae do planeta. No final dos anos 1920, Christine Collins, atípica jovem mãe americana, sai de casa para trabalhar e ao voltar no final do dia não encontra mais o filho de oito anos.
Meses depois, a polícia de Los Angeles encontra o garoto e brilha diante da mídia por sua eficiência. Só que Christine desconfia de que o garoto encontrado não é o seu filho.

Delicadeza
A delicadeza com que Straczynski e Eastwood delineiam o drama, sufocando aos poucos a audiência a cada gota de desespero da mãe aflita é impressionante. Preste atenção ao tom de voz rouco de Angelina Jolie e como ela parece cada vez mais afônica à medida em que as coisas se complicam.

Christine segue em uma batalha para provar que não está louca e acaba se metendo num complicado emaranhado que envolve policiais corruptos, um assassino serial e uma política de segurança pública podre e arbitrária, criticada por um ativista cristão vivido genialmente por John Malkovich.
O filme é impressionante e é difícil não se arrepiar por volta de uma hora e meia de projeção.

E só mesmo Eastwood pra tirar uma interpretação de verdade da mulher de Brad Pitt. Ela até que tentou no fraco O Preço da Coragem. Mas ficar feia pra ser levada a sério não cola mais nem mesmo em Hollywood.

Em A Troca, Jolie aparece mais bela do que nunca, mas contida e longe dos maneirismos e beicinhos caracteríticos de sua persona em filmes como Gia, Garota/Interrompida, Lara Croft: Tom Raider e Sr. e Sra. Smith. E isso não é pouco.

Aqui ela realmente faz algo digno de uma indicação ao prêmio da Academia. E é, desde já, a favorita de nosso blog ao troféu careca.

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