O grito do moribundo
Axel Rose volta dos mortos com disco datado e (muito) chato

Vamos falar a verdade: nem fã de verdade vai gostar dessa bomba que é Chinese Democracy. Datado, prepotente, chato... Numa analogia com a série de Rambo, o novo disco do novo Guns N' Roses seria o mesmo que o quarto filme - completamente dispensável.

Enquanto você se pergunta por que comparei o grupo de Axel Rose com o herói americano criado por Stallone, já vou dizendo que além do vocalista, nenhum outro membro da formação original está de volta - bem, tem o Dizzy Reed, mas ele não é tão membro original assim.

Mas vamos ao disco. Anunciado inicialmente para 2002, Chinese Democracy sofreu mais cinco adiamentos até o lançamento mundial no final de novembro deste ano. O que se ouve, sinceramente, é um álbum que peca pela falta de novidade.

E se levarmos em conta de que este bendito disco começou a ser gravado em meados de 1997, a decepção é ainda maior- 21 anos de espera para isto?!

Breguice melódica
O disco abre com a faixa que dá título ao sexto trabalho do Guns e que é meio que um resumo de todo o álbum - chata, velha e querendo soar moderna. Faz muita falta a guitarra fresca de Slash e a cozinha de Duffy McKagan e Matt Sorum.

Better até que promete, mas depois segue-se uma leva de canções que poderiam estar em alguma coletânea de lados Bs do grupo - lembra daquelas canções menos chamativas de Appetite for Destruction, tipo You're so Easy? É mais ou menos aquilo, mas bem piorado.

A insegurança de Axel rose pode ser sentida em praticamente todas as faixas. A voz de gato com rabo pisado não chega no chulé do que era nos discos anteriores e o rapaz ainda chamou 18 músicos pra gravar o álbum, entre integrantes e convidados.

Em This I Love, a breguice melódica meio Queen/Elton John que recheou Use Your Illusion toma conta e Axel quase consegue. Talvez seja a faixa mais brega, mas é a que traz o músico com a voz mais segura.

Além de irritar o governo chinês, que não gostou nada do título do disco, Axel cometeu, pelo menos, ainda mais um crime com Chinese Democracy: ressuscitar Sebastian Bach - sim, aquela machona do Skid Row. Os dois dividem os vocais na farofenta Sorry.

Resumindo, um monte de batidinhas eletrônicas, vocais distorcidos e guitarrinhas pesadas em momentos-chave não tem nada de moderno. Seria melhor que o senhor Rose se mativesse dentro do que sabe fazer.

O grito inútil de um moribundo. Demorou demais, Axel.

Quer ouvir algo próximo ao velho Guns? Ouça qualquer coisa do Velvet Revolver.

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