Os vaqueiros Ennis Del Mar e Jack Twist
Brokeback Mountain

Ang Lee faz filme sensível sem cair na pieguice

Duas semanas depois da estréia de O Segredo de Brokeback Mountain, eis que o Eudiário sai do armário (brincadeirinha) para tecer seus eventuais comentários sobre o novo filme do chinês Ang Lee.
A explicação para a demora do texto ser postado não vem de um eventual receio da parte do redator, mas sim da simples preguiça em redigir algo à altura da produção - um belo conto de amor impossível vivido por duas pessoas do mesmo sexo.

Não. É injusto tentar condensar Brokeback Mountain em pouco mais de duas linhas. O filme é muito, mas muito mais do isso - nenhuma surpresa para quem conhece o cinema de Ang Lee.

Tentando resumir, Lee conseguiu esculpir uma pérola da sensibilidade humana, abordando um assunto delicado de maneira seca e ao mesmo tempo doce (isso é possível?). E isso sem cair na pieguice, em nenhum momento da projeção. Algo parecido com As Pontes de Madison, do veterano Clint Eastwood, que também trata de um assunto delicadíssimo, só que no mundo da heterossexualidade.

O diretor também não recorreu a saídas óbvias e/ou trágicas. Deixa a história em aberto, para o espectador. Os atores estão perfeitos, todos. Mas em especial Heath Ledger, a quem este blog já teve o prazer de meter o pau (no bom sentido, claro).

Ledger constrói um Ennis Del Mar como um John Wayne moderno. Um caipira do Texas, machão, mas com uma alma extremamente delicada. É impressionante como o ator consegue dar voz ao seu personagem com apenas alguns olhares. Desde já, o candidato ao Oscar deste blog.

Jake Gyllenhal (outro que o blog adora falar mal) também surpreende, mas não tanto quanto Ledger. Mas só porque seu personagem, Jack Twist, não o permite.

O filme vai muito além de dois personagens presos numa montanha. Há uma série de nomes pensados para marcar e criar discussões, como Ennis Del Mar (Meio do Mar), Jack Twist (Jack Reviravolta) e a cidade Signal (Sinal).

E há ainda a discussão de assuntos delicados e de uma realidade texana muito parecida com a de algumas cidades do interior do Brasil - que ninguém quer discutir. A história é contada com calma, sem pressa. E isso incomoda, às vezes, a quem está acostmado aos Matrix da vida. Mas horas depois de ter visto o filme, é impossível não sepegar pensando nele e amadurecendo as idéias.

Esqueça o papo de "dois caubóis gays". Deixe isso para Rock & Hudson, a cria de Adão Iturrusgarai. Brokeback Mountai é um filmaço e deve valer o Oscar para Ang Lee, mais do merecidamente. Um filme importante e no momento exato.

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